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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

o grande canal

a divina marquesa da ponte me conquista

enche de esperança  meu asfalto

muita gente atravessa

cabelo branco, boina, guarda chuva de amanhã

pouca gente fica sob um arco gótico e desmitifica todo
 renascimento veneziano

touca

um telefone rouco de um italiano seco no meio do tudo molhado

barroca é uma igreja longe manchada de fog

a divina marquesa da ponte me conquista

sorri gioconda e sua gargalhada faz marolas nas escadas do cais

molha meus pés descalços

cade minhas botas de borracha?

tem uma viela no meu olho de água estreita

reflete pedra de peso medieval

a quantos graus da proa a gondola girará?

espreita

o vaporetto torto numa ré sobre o porto

Mercato

Veneza comprou a seda da China

e a divina marquesa me ensina

que cada ponte me leva a Rialto