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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Um amigo (Otávio Brum) me pediu para espalhar os seus dotes proféticos - sobre a Mega Sena acumulada de amanhã 21/08/10

Uma dica para ganhar na Mega Sena acumulada a partir de uma novela da Globo


Não são meus parcos conhecimentos matemáticos que poderão levá-los ao prêmio de R$ 31 milhões da Mega Sena, ou a outras premiações milionárias futuras. Nada disso. Minha habilidade com os números se resumem nas 4 operações básicas, pelo amor à música e ao jogo de xadrez.

Tampouco irei oferecer algum esquema mirabolante, pois foi com Bukowski que aprendi o quanto isto não funciona. Inclusive, isso me levou ao meu primeiro divórcio – mesmo que não tenha levado adiante a minha ideia de virar um apostador costumaz em cavalos.

Desculpem o interlóquio. Mas sou virginiano, preso aos detalhes, e preciso me apresentar minimamente para tentar convencê-los da seriedade de minhas ponderações. Nunca fui um grande vitorioso em nada na vida. Portanto, também não é nenhuma história autobiográfica que lhes sirvam de exemplo que lhes ofereço.

O que vou lhes apresentar é algo da Toscana. Mais precisamente da Toscana de Sílvio de Abreu, por mais tosco que lhes pareçam. Mergulhando no universo da fantasia e aprendendo a ler nas entrelinhas da Arte, absorvendo o fulgor criativo das mentes brilhantes que produzem o que há de melhor na teledramaturgia brasileira, verão o quanto poderão aprender sobre o domínio da estatística. E é isto o que nos interessa: a passione pelos números!

E é esta a minha grande pretensão: conduzi-los e ajudá-los a desbravar este mundo da criação. Pois não é o domínio da estética mas o da estatística que eleva Sílvio de Abreu a condição de gênio. Verificaremos que não são só histórias magistrais que podemos esperar do autor. Não só queremos como esperamos muito mais: as 6 dezenas da Mega Sena, por exemplo.

Vamos aos fatos. O primeiro acerto é o de não precisar onde fica o sítio de Totó. Aqui já temos a primeira lição de freio à impulsividade imaginativa. Totó não é o cachorro, mas o personagem de Toni Ramos, como poderiam pensar àqueles acostumados ao era uma vez... Bom, o sítio fica em Toscana e cada um pode imaginar por si só qual o lugar mais adequado para situá-lo na região. Isto é uma delícia e faz com que cada um tenha seu sítio próprio, único, idiossincrático diria, como se estivéssemos lendo um livro ao invés de estar assistindo a novela das oito.

Sobre isso que disse agora, não estou muito certo. Alguém que assista diariamente a novela pode me alertar de que o sítio fica no lugar tal e tudo se ir por água abaixo. Mas isto também pode acontecer ao marcarmos o bilhete, tomem cuidado! Porém, ainda assim nada está completamente perdido. Afinal se errarmos em um ponto, ainda nos resta sonhar com a quina...

Pelo que entendi, Totó é filho de Bete Gouveia. Foi criado longe da mãe porque era um bastardo. A mãe não sabia que o filho estava vivo e que morava na Itália. Bete mora em São Paulo, aqui no Brasil. Ah, sim! Não podemos esquecer dos números. Afinal, nosso real interesse é o de ganhar na loteria. Portanto fiquem atentos: na região da Toscana vivem 3 milhões 619 mil e 872 habitantes, já na Itália há 60 milhões 303 mil e 800 pessoas. Mas acho que isso não importa muito. Nosso interesse é por apenas 4 italianos neste universo todo: Totó, Agnello, Agostina e Berilo.

Agnello e Agostina Mattoli são filhos de Totó. Berilo Rondelli casou-se com Agostina na Itália. Porém migrou para o Brasil. Para São Paulo, cidade de 11 milhões 37 mil e 593 habitantes. Maior cidade do hemisfério sul, sexta maior do mundo. Para não perder o embalo dos números, em nosso País vivem 191 milhões 480 mil e 630 indivíduos.

Toni Negri, também italiano, nos interessa muito. Mas não se trata de um quinto italiano em nossa lista. Deixamos de fora. É só por que lembrei de que era ele que falava o quanto fica impressionado com a criatividade das pessoas que lutam pela sobrevivência em países ainda em desenvolvimento. Mas nossa criatividade para descolar algum não nos interessa. Porque só nos resolve o aqui e agora e permanecemos sempre duros! Estamos mesmo de olho é no quinhão milionário das loterias acumuladas. Isto sim resolve definitivamente o problema de qualquer um!

Berilo, ao contrário de Negri, é um italianinho safado. Quando chegou à Terra da Garoa tratou de juntar seus trapinhos com Jéssica da Silva Rondelli. Jéssica é filha de Olavo da Silva. Olavo também é o pai de Totó, portanto avô de Agostina. Fiquem atentos pois são nestas entrelinhas todas que estão os segredos que devem ser desvendados para se tornar o maior vencedor de loterias que se possa ter notícia! Vencer quantas vezes quiser, ou melhor, apostar. É algo para deixar o falecido João Alves com suas duzentas e vinte e uma premiações no chinelo!...

Agnello quando chegou ao Brasil teve um affaire com Stela Gouveia. Estela é esposa de Saulo Gouveia. Saulo é irmão de Totó e tio de Agnello. Foi um romance rápido. Agnello tratou de sair por aí, pelas ruas de Sampa e procurar carne nova. Quem encontra? Lorena Gouveia! Lorena, filha de Stela e Saulo. Não é fantástico? Agora sim estamos quase no final. Algo sem muita relevância neste mundo de probabilidades, mas é mais um dado que temos que acrescentar. Afinal, não podemos deixar nenhum detalhe de lado se quisermos apreender bem as técnicas que irão nos transformar em grandes ganhadores! Olavo está de casa nova. Comprou um bela mansão. Se ganharmos o prêmio, poderemos fazer o mesmo. Agora Bete Gouveia tem vizinho novo: o pai de Totó mora na casa ao lado.

Agora me digam: alguém que escreve com tamanha propriedade este mundo de encontros possíveis, alguém que domina de tal forma o magnetismo dos afetos e os aproxima de forma tão nobre como o horário da novela das oito, enfim, alguém que desconhece o improvável e daí faz sua arte, alguém que manipula sonhos de maneira tão sutil, alguém que nos faz crer que tudo realmente é possível, não é mole para este alguém nos dizer quais as seis dezenas que serão sorteadas?

Sim, se querem ganhar o grande prêmio da loteria, escrevam para o Sílvio de Abreu e digam: ó grande Mago das Probabilidades em quais números devo apostar? Ou vocês acham que quem domina a probabilidade desta forma não vai saber quais os 6 números de um universo de 60 que serão sorteados?!? Mãos no telefone, dedos no teclado. Arranquem esta informação do autor e não esqueçam de meu quinhão – já que fui eu quem lhes deu a dica!

Não os deixem convencer de que o universo dos encontros possíveis dos personagens da Globo se dão por relações incestuosas onde todos – ricos e pobres – vivem uma relação por demais estreita só por causa do fato da Cidade Cinematográfica ser muito pequena. Não engulam esta desculpa! Sabemos o quanto o Projac é grande e a empresa rica e poderosa! Não é pelo tamanho da Cidade Cinematográfica que faz com que todos os personagens se encontrem e convivam novela após novela, seja na povoada Índia ou metrópoles como São Paulo, mas por que os autores são verdadeiros Magos da Probabilidade!

E não é só o Sílvio não. Todos eles sabem quais os números serão sorteados! Podem notar que isto se repete em todas as novelas, em todos os horários, em todos os autores! Escrevam e tirem deles esta informação! Se não disserem, twittem por aí: só não ganhei na loto porque a Globo não quis.

Ah, sim! Também não os deixem convencer de que tudo é licença poética. Por mais platônicos que sejam, por mais que expulsem a poesia e os poetas de suas repúblicas. Não é verdade! Sempre se utilizam desta desculpa para suas cagadas! Vão tentar convencê-los de que não são Magos da Probabilidade, mas que se utilizaram de licença poética... Isto é balela e a desculpa não cola mais! Digam: licença poética o caralho! Pode ir desembuchando os números logo, ó Mago da Probabilidade!

Mas cuidado, muito cuidado! Eles são seres muito imaginativos, apesar de não parecer tanto. Mas se assistirem ao Vídeo Show saberão o quanto são grandes, todos eles! Previnam-se! Poderão tentar inventar uma nova versão do “licença poética” quando perceberem que a casa caiu e que agora todos sabem que são Magos da Probabilidade!

Podem, por exemplo, tentar convencê-los de que não são Magos da Probabilidade, mas apenas autores. Meros operários das letras. Mas que no mundo da Literatura os personagens têm vida própria. Que os personagens da Globo, como qualquer ser, estão sob a Lei Divina. Que os personagens sofrem de um Karma coletivo muito grave e que são ignorantes, tendo que reencarnar já na próxima novela que segue para tentarem consertar seus erros. Mas são mesmo muito estúpidos e repetem os mesmos erros e assim nunca equilibram suas balanças e tornam a pecar nas mesmas coisas e, mais uma vez, reencarnam na outra novela e não há final feliz que amenize seus karmas. Que eles, os autores, há muito deixaram de representar a realidade social brasileira. Agora retratam a miséria espiritual de toda a humanidade... Eles falam isso só porque são magos e como todo mago que se preze têm seus conhecimentos cósmicos, oras! Não os deixem seduzi-los pelas palavras amenas, e insistam: tá, agora me inicie nos segredos da estatística, ó grande Mago da Probabilidade!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Na cova dos leões Marinho


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Uma coisa é escorregar para dentro de uma jaula com quatro leões famintos, estrebuchar-se no laguinho onde eles se banham, ao se levantar pisar no rabo do leãozinho filhote, finalmente receber o rruauurrr recheado do bafo quente do Rei e esperar pela dentada mais radicalmente mortífera possível.
Outra coisa é estar nos estúdios de telejornalismo no Jardim Botânico – RJ, sendo candidata à presidência mais non grata da família Marinho e estar sentada na mesma mesa à espera de uma entrevista ao vivo (co)mandada pelo casal mais-que-perfeito Bonner & Bernardes para mais de 40 milhões de brasileiros. Era segunda à noite, 9 de agosto de 2010.
Pelo grau de hostilidade da Emissora com a candidata, apostaria nas caretas do porteiro, passando pelo ascensorista, mordomos, até chegar na mesa de tortura canibal. O servente que mais fechasse o tempo ganharia um verão todo de férias. O assistente de câmera deve ter deixado cabos pelo chão; a maquiadora, cremes para salientar o suor; a contínua, café com gelo e o operador de áudio (esse deixou passar para os 40 milhões), uma fala de andróide retardado na resposta de Dilma a uma das perguntas.
O jogo imposto pelo casal era fair play só para eles próprios, “vamos para o que interessa...” Ué, mas eles haviam acabado de perguntar sobre o desinteressante? Quiseram num lance digno de palmas do publicitário Goebbels inverter a história: Dilma guerrilheira para Dilma torturadora (“que maltrata os colegas de trabalho”). Insinuaram que o Brasil não havia crescido tanto assim perante outros países apesar de todos os outros candidatos, inclusive o próprio Serra, admitirem isso. Taxaram-na de inexperiente mesmo após já ter assumido secretarias municipal e estadual, além do segundo maior cargo da hierarquia do governo federal, como ela mesma frisou. Pintaram o sete, fizeram o escambau.
A raiva estava presente nos sorrisos falsos, o teatro era romântico: acusadores de extrema índole e honra perante o réu mais infortunado de virtudes humanas, que ficava claro o seguimento da sentença para uma pena capital. A impressão que dava é que, devido ao explícito clima de precipitação de um ringue em toda a entrevista, depois do anúncio do comercial, Dilma e Bernardes se levantaram e se puseram a puxar os cabelos uma da outra, as duas se mostrando línguas a cada puxavão.
Dilma passou no vestibular, medicina USP com engenharia ITA. Apesar de ter falhado um pouco a voz devido a uma possível taquicardia sinusal desencadeado por forte descarga noradrenérgica, seu timbre é rouco e grave o suficiente para uma mulher ser bem ouvida numa televisão. Mesmo apesar da indesculpável falha de áudio de uma das maiores emissoras do planeta: com tecnologia audiovisual suficiente para ouvir os gritos de uma borboleta e filmar genes em mutação.
Acho que mutação é um exemplo interessante. Foi a primeira vez que vi uma certa afobação, uma dose de ansiedade, que nessa ocasião simbolizava um tenso clima de medo advindo, de maneira surpreendente, da poderosa plim-plim. Bonner & Bernardes, símbolos do patrão-patroa, estavam mais que eufóricos e, por isso, menos-que-perfeitos. A aleatoriedade das mutações genéticas beira os limites entre a ciência e outras interpretações, como as religiosas e metafísicas. Não há maneiras de prever tamanho grau de improbabilidade, daí suporem a existência de milagres.
Graças a Deus que o que aconteceu segunda passada no Jornal Nacional não foi um milagre, mas uma mutação diferente, uma notável evidência que estamos em outra Era. Seríamos avatares midiáticos em busca de uma Pandora ainda inexistente, aliás, que jamais existiu, mas que vem mostrando raios de uma aurora cibernética? Em outras palavras, já é possível perceber arranhões no globo prateado, assim como em outros símbolos de grandes corporações de mídia? Estaríamos, através da grande rede, pescando nosso próprio peixe?
Mas voltemos aos leões. Estavam por demais famintos, perderam a presa. Era uma cobra criada, que mesmo em perigo conseguiu ensaiar umas “butadas”.
Entre leões e Marinhos, as focas batem palmas e o urso polar desperta bocejo.