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terça-feira, 19 de março de 2013

a mulher e o girassol

ela poderia andar numa laje da Vila Cruzeiro
numa miragem no deserto de Israel
prestes a cair num bueiro de uma avenida
beira-mar qualquer

poderia ser minha tia, uma querida
mesmo sem ser querida
ser a covardia de enganar
alguém com uma flor
ser a própria alegria
a cotovia daquele poema

ela deveria voar
alguns quilômetros de azul
ultrapassar o teto do dia-a-dia
sua flor virar ventilador
motor de lanche
turbina de ônibus espacial
qual o quê?

ela saiu do metrô abraçada à flor
passo a passo de cuidado
e a flor girassol acenou:
amarelou, amarelou