nunca me instalaria no meio do caos
dessaturando a utopia
mas eis que preciso lavar uma pia
e estender a roupa amassada
de toda uma geração
enclausurada
enclausurada
o pão não é nosso
e a cada dia
endurece mais o meu encantamento
chega de rimas
saudade já foi coroada
mas arrebento
e em cima desta pedra cansada
me destroço na cidade vazia
pandemia
amanhece cristalino
de um azul-desgosto
anoitece vidro-fosco
de que vale esta tempestade de citocina?
a quarentena, todas as posturas de Yoga
o relatório do FMI
Estados Unidos e China
as modalidades psicoterápicas do enfrentamento
as lives de Paul McCartney, Rolling Stones
e Ludmilla?
de que valem os tacanhos da cloroquina
e do anti-isolamento?
se hoje
no Morro do Alemão
a aurora se pintou de sangue e tinta preta
e que ninguém se esqueça
da menina do balão amarelo
se rodopia, acaba o brinquedo
ninguém fica mais velho
e ela ria, ria, ria
e ela ria, ria, ria
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