Powered By Blogger

sexta-feira, 30 de maio de 2025

sonhos e arpões

para Sebastião Salgado

O cara do biscoito no sinal
amolece a patricinha doce
que dirige um porshe
ela faz coraçãozinho
o laranja acende a janela
ela e o porshe
Jorge era o cara do biscoito

A amargura em pessoa devora
com sinceridade e angústia um sonho
escorre água salgada no rosto do arpoador                  
um sonho é devorado em frente ao mar
armagura em doce de leite
lágrima flor de sal

A brisa resseca meu sorriso de infância
é só um sonho que me resta
quem tem um barco? uma chuva que me aqueça?
tem muita graça nesta prancha do Seixas

O divino sorriso preto da Jamaica
em Hackney

Nesta bolsa da moça imersa em sobriedade
a resistência hippie chilena
sexo pictórico
células de um tecido abstrato
estriadas, eriçadas
tinta tesão

Beijo a pinacoteca inteira

Menina grande com dedo na boca
volto pro colo, me encolho
cadeira de rodas gira o coração em memórias
e o pôr do sol senta na cadeira
vislumbra sem rodas os olhinhos de orvalho

Embasbacados é o nome da música
que venderei no atacado
A bossa do samba é o funk do bamba

Os Dois Irmãos gostam é de sossego
brincam no play da orla
juntinhos no cobertor de folhas

O piano do Tom embaraça os cabelos da menina
a natureza grande faz a gente se sentir miúdo
e bonito
aperto os olhos pra ver se Deus tá vendo

Vem sem medo contra um vento sudeste
a oeste de quem tem saudade
repete o mantra
olho marejado não tem idade
Marujo! É por ali o leme do teu norte!

A proa divide vento, ressoa os dados da sorte
na poupa só músculo
estriado cardíaco
coração de poupa
no final, água só
Carbono e nitrogênio
náufragos
o ovo aberto no verão

Tudo será elemento
Re li ga re
um instantâneo sem Insta
nunca mais insista
em aterrar
o que não tem mais jeito

A música salva
até em lua nova
Afro Roda
Fela fala, follows
felow feelings
Coreana, baixo, baixo, baixo
Calote de Volks
gira please percussão PIX it

Acordou saxofone, dormiu trombone
Mengo a caminho da Gávea
e o Vidiga?
pisca, pisca, pisca

Sextou na cesta
e ninguém deixa a fumaça cair
o vento espanta o medo abafado
rouba o trono da primavera

Uma gota aqui uma louca lá
e a fumaça se afasta
apesar da brasa teimar acesa

À tardinha, o Rio tem sede
correnteza de drinks
a terceira margem do chopp
li que Demi Moore topou
um remake de Ghost

De braços abertos chega uma saudade
Capiba no leito arterial
é tudo Recife
de que importa se a aorta tem cacife?

Saturno é um véio sábio ranzinza
e mandinga é palavra gostosa d'África

Os Dois Irmãos vivem de abraço
mesmo na briga uma luz escorre da barriga
e acende o mar

Do lado de lá, uma mensagem de zap te espreita
se esconde atrás do poste
tacape no post!
fight pós night

pode ser nice uma vida sem bright

Um rasante fim de tarde de um pombo botafogo joga uma tinta no azul distraído
lá na Quinta a gente se vê
e se cumprimenta no pé do ouvido

O sol não sabe qual é a praia
nunca ouviu falar de Ipanema, Garapuá, Boa Viagem ou Tamandaré
da menina com tatuagem no peito que passeia de bike elétrica
da prancha que tem apenas um astrodeck e o resto parafina
nunca soube como é bonito o beijo que ele próprio assinou
direção e iluminação
que se não fosse por ele
o carbono não teria paquerado com o nitrogênio
e a cor seria para sempre triste
não há samba e frevo sem ele

Mas hoje
ele tomou ciência
algum meteorito já cantou a pedra
a beleza estalando em cada grão
pele pedrinhas espuma
no riso de graça
graças a ele, o olho no olho não cegará
a esperança
de uma dia a gente se encontrar

se espreguiça yoga
e faz um carinho quente no Vidigal

Brisa atrasada de outono
dizem verão
mas pincelaram o mar cor de chumbo
as ondas ocuparam em protesto a nossa atenção
Inventa algum cartaz, o coro no repeat
alguma dose que esquente o nosso medo de amar
é só silabar que a melodia chega

Cobre os pés pra fora da canga
do casal que não queria dormir na areia
mas uma fragata me peitou ventania
engata ilha, me canta o segredo
incendeia

Nós frio laço cria
cutuca bala
pix tio
é Rio
bagaço
uruca
pedala
insiste
partiu